by Raquel Dominguez

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Porque não devemos ir atrás de alguns sonhos

Mark Manson, o famoso bloguer americano que ficou mundialmente conhecido com o livro “A arte subtil de saber dizer que se f*da”, no seu artigo “Porque alguns sonhos não devem ser perseguidos” [podes lê-lo mais abaixo], conta-nos a história de como na sua juventude sonhava em ser uma estrela de rock.

Dave Grohl, o famoso baterista dos Nirvana, vocalista e guitarrista dos Foo Fighters, no seu livro biográfico “Storyteller”, conta-nos a história de como na sua juventude passava a maior parte do tempo a ouvir música e a tocar bateria nas almofadas do seu quarto.

Um tornou-se uma estrela de rock. O outro não. Sabes porquê?

Mark Manson sonhava ser um estrela de rock. Dave Grohl sonhava em tocar. O que o levou, eventualmente, a se tornar uma estrela de rock.

Na verdade, aquilo com que Mark sonhava era tudo o que ele ia receber ao se tornar uma estrela de rock:

Admiração.

Reconhecimento.

Apreciação.

Mark estava apaixonado pelo resultado. Dave estava apaixonado pela música. É por isso que o primeiro não gostava do duro processo que precisava de passar para chegar lá, enquanto que o segundo suportou todo o processo: “Mesmo nos momentos de maior frustração e fome, nunca alimentei por uma única vez a ideia de me render. Se voltasse, o que me esperava? Lutar ou morrer como se diz. Estava pronto para apostar tudo nesta paixão incandescente que me consumia.” (Excerto retirado do livro de Dave Grohl)

Porque a verdade é esta: Muitos dos sonhos que nós temos têm como principal objetivo compensar um vazio que existe dentro de nós. E quando assim é, mesmo que até consigamos realizar esse sonho, parece que nunca nos conseguimos sentir totalmente satisfeitos ou preenchidos. O vazio vai continuar a existir, uma vez que é impossível compensar com o exterior o problema que existe no interior. É a tal síndrome do eterno insatisfeito. Nada é suficiente. Falta sempre qualquer coisa.

No livro do Dave Grohl vemos exatamente o oposto. Tudo era uma benção e vivido ao máximo, mesmo que fosse duro. Ele apenas queria tocar. Tornar-se uma estrela de rock foi a consequência disso. Nunca foi o seu objetivo.

Muitos dos nossos sonhos não são alcançados precisamente porque a chama que os alimenta não é aquela que nos faz suportar todo o caminho que é preciso fazer para chegar até lá.

No entanto, é curioso ver como Mark Manson acabou mesmo por ter o reconhecimento que tanto queria. Não a tocar em cima de um palco, mas sim a escrever.

Porque queria.

Porque gostava.

A consequência disso? Tornou-se um escritor. Mundialmente reconhecido.

Isso não quer dizer que, ao contrário da história de Mark, o teu propósito de vida não seja realmente aquele que corresponde ao teu sonho. Mas há algo que vai fazer toda a diferença na tua história:

A verdadeira razão pelo o qual o queres alcançar.

***

Porque alguns sonhos não devem ser perseguidos?

Durante a maior parte da minha adolescência e juventude eu sonhava em ser um músico – uma estrela do rock, para ser mais preciso. Qualquer música espetacular de guitarra que ouvisse, fechava sempre os olhos e imaginava-me no palco a tocar para os gritos da multidão, pessoas que estavam completamente a perder a cabeça por causa do meu fantástico dedilhar. Esta fantasia era capaz de me manter ocupado durante horas a fio.

As fantasias continuaram durante a faculdade, mesmo depois de eu ter largado a escola de música e parado de tocar a sério. Mas, mesmo assim, nunca foi uma questão de se algum dia eu iria tocar em frente a uma multidão aos gritos, mas quando. Eu estava a fazer tempo até poder investir o esforço que era preciso para chegar lá e fazer isso acontecer.

Mesmo quando iniciei o meu primeiro negócio online foi com o objetivo de lucrar rapidamente, para depois finalmente começar a minha carreira tardia como músico. Ainda há um ano atrás comprei uma guitarra com vontade de começar a praticar outra vez e entrar para uma banda em alguns dos locais onde morei.

Mas apesar de fantasiar sobre isto durante mais da metade da minha vida, essa realidade nunca aconteceu. E demorei muito para descobrir o porquê.

Eu não queria realmente isso.

Eu estou apaixonado pelo resultado – a imagem de mim no palco, as pessoas a gritar, eu a arrasar, a colocar tudo o que tenho no que estou a tocar – mas não estou apaixonado pelo processo.

O trabalho diário e enfadonho de praticar, a logística de encontrar um grupo e ensaiar, a dor de encontrar sítios para tocar e fazer com que as pessoas realmente apareçam e se importem. As cordas partidas, o tubo do amplificador destruído, transportar 20kg de equipamento de e para os ensaios sem carro. É uma montanha de sonho e uma escalada de um quilômetro e meio de altura até ao topo. E o que eu demorei a descobrir é que não gosto de escalar. Só gosto de imaginar o topo.

A nossa cultura iria dizer-me que eu de alguma forma falhei. A autoajuda iria dizer que eu não fui corajoso o suficiente, determinado o suficiente ou não acreditei em mim o suficiente. Designers de estilo de vida iriam dizer-me que eu cedi ao meu papel convencional na sociedade. Ter-me-iam dito para fazer afirmações ou entrar num grupo mentorado ou algo assim.

Mas a verdade é muito menos interessante do que isso:

Eu pensei que queria algo. Mas não queria. Fim da história.

Desde então descobri que a fantasia de estrela do rock tem menos a ver com estar atualmente no palco a arrasar do que simplesmente sentir-me reconhecido e apreciado. Não é por acaso que, à medida que as minhas relações pessoais vão melhorando drasticamente, a fantasia vai desaparecendo lentamente para segundo plano. Agora é apenas uma indulgência mental periódica e não uma necessidade urgente.

Excerto retirado e traduzido livremente do blog de Mark Manson. Para leres o artigo completo clica aqui.