A minha história

Nunca fui aquele género de crianças que dizia: “Quando for grande quero ser…”.

Isto porque nunca soube o que queria ser.

Ainda hoje não sei bem. Só sei o que gosto e o que não gosto de fazer. Sei que tipos de trabalhos se encaixam melhor no meu perfil e aqueles que me anulam completamente. Sei em que ambientes consigo dar o meu melhor e aqueles que acabam comigo. E sei, sobretudo, como é importante para mim trabalhar em algo que dê sentido à minha vida. Como se o trabalho fosse uma extensão minha, de quem eu sou e do que tenho para dar ao mundo, e não apenas um modo de subsistência.

Até porque eu gosto de trabalhar.

Eu gosto de me sentir útil. Gosto de saber que aquilo que faço ou a forma como o faço faz diferença na vida de alguém. Gosto do que sinto quando estou a dar o que de melhor tenho para dar ao mundo e alguém do outro lado está a recebê-lo.

É uma sensação de plenitude. De realização. De sentir que estou no sítio certo à hora certa e a fazer o que é o certo para mim.

E qual a profissão?

Aí é que está. Não sei...

Nunca consegui traduzir todos estes sentimentos numa única profissão. E, sinceramente, começo a achar que não é para fazê-lo.

Talvez tenha sido esse o meu erro durante estes últimos 20 anos da minha vida: procurar o que não há para ser encontrado. Talvez o que haja seja simplesmente algo para eu fazer. Só que enquanto eu andar à procura de uma profissão, trabalho ou atividade que já existe, nunca o irei encontrar.

Quem sabe se não é para criar o meu próprio trabalho? E, se assim for, é normal eu ter andado perdida durante tanto tempo. Aliás, era até suposto, pois só assim é que eu conseguia ir recolhendo as peças que vão fazer parte do meu puzzle final.

Ou talvez, quem sabe, não haja sequer um final. Talvez não seja para eu chegar a lado nenhum. Há pessoas que têm uma vida profissional tão certinha e direitinha que depois achamos que é suposto ser assim para toda a gente.

Mas não é.

E cada vez mais começo a estar em paz com isso.

O que dizer então?

Por volta de 2017 decidi criar um novo site, pois sentia que aquele que tinha não me dava muita liberdade para escrever sobre outras coisas para além de Feng Shui, bem como criar outro tipo de consultas. Só que quando chegou a altura de escrever a página “Sobre mim” de repente fiquei assim:

Então e agora o que é que eu escrevo aqui? O que é que eu “sou”? Que nome é que eu dou àquilo que eu faço? O que é que eu já fiz que seja relevante colocar aqui?

Lá tinham voltado os meus velhos fantasmas…

Depois de dar muitas voltas à cabeça, acabei por escrever precisamente sobre isto mesmo. Sobre a minha dificuldade em escrever sobre mim e sobre tudo aquilo que eu já tinha feito até àquela altura.

E assim ficou:

***

SOBRE MIM

Confesso-te que é um pouco difícil para mim dizer-te quem sou.

É que eu não “sou” apenas uma profissão. Muito menos uma dessas profissões que costumamos dizer em criança quando nos perguntam: O que queres ser quando fores grande?

Mas já fui.

Na verdade, já fui muitas profissões. Mas nenhumas delas se encaixou bem naquilo que eu sou. Isto porque eu sou muita coisa. E quando se é muita coisa, também se acaba por fazer muita coisa ao longo da vida.

Foi precisamente o que eu fiz.

O QUE JÁ FIZ:

Fiz duas licenciaturas e um curso de três anos de Feng Shui.

A primeira licenciatura não a fiz por gosto. Fiz porque os meus pais sempre me disseram que eu tinha que estudar para me sair bem na vida. O problema é que eu não sabia o que queria fazer para o resto da minha vida. Porque também ainda não sabia bem quem eu era. E então lá preenchi os papéis de candidatura ao ensino superior escrevendo seis cursos diferentes nas seis opções que tinha.

Entrei na terceira. Era a de Linguística.

Após ter terminado o curso inscrevi-me no programa Erasmus. Não porque queria continuar a estudar, mas porque queria viajar!

Entrei. Fui para Inglaterra e voltei.

Tinha agora uma licenciatura num bolso e uma pós-graduação no outro. Para além de ambas não me servirem para nada, eu continuava sem saber o que queria fazer. Exceto numa única coisa:

Viajar! Era o que eu mais queria fazer na vida! E isso eu sabia-o bem.

Achei, então, que me iria encaixar bem numa profissão que me permitisse viajar. E foi assim que fui trabalhar para um cruzeiro e, logo de seguida, para uma companhia aérea como assistente de bordo.

Com isso saciei, até certo ponto, a minha sede por viagens. Mas não saciei o meu sentimento de realização profissional. Afinal ainda não era neste tipo de profissões que eu me encaixava…

Foi quando decidi trabalhar com crianças.

Acabei por conseguir um trabalho como professora de inglês nas AEC’s (Atividades de Enriquecimento Curricular) do 1º ciclo. Foi assim que descobri o meu gosto pelo ensino. Foi assim que descobri que tenho jeito para ensinar. Quis ser professora, mas nem para isso a licenciatura em Linguística me servia.

Continuei nas AEC’s por mais um tempo, mas cedo percebi que esse trabalho não é economicamente viável para ninguém. Tentei dar explicações particulares de inglês e ser professora de português para estrangeiros. Nada funcionou. Afinal também não era por aqui…

Foi quando decidi tirar outra licenciatura. Desta vez por escolha própria.

Enquanto trabalhava de dia como administrativa, estudava à noite no curso de Artes Decorativas. Três anos depois tinha mais um canudo na mão, juntamente com um receio inesperado de não querer, aos 29 anos, começar tudo de novo num atelier qualquer a ganhar o ordenado mínimo a recibos verdes.

Há uma frase do Jim Rohn que diz: Quando queres muito uma coisa encontras uma forma. Quando não queres encontras uma desculpa. E pelos vistos eu já tinha a minha desculpa quando percebi que até gostava bastante de decoração, mas não o suficiente para fazer o que fosse preciso para “ser” essa profissão.

E foi aí que decidi entrar para o curso de Feng Shui. Achei que com este acrescento eu conseguiria mais facilmente arranjar alguns trabalhos de decoração.

Mas mais uma vez estava enganada…

Sem querer o curso de Feng Shui despertou em mim uma vontade enorme de trabalhar na área do desenvolvimento pessoal. Algo que eu também já fazia comigo. Algo que eu adoro explorar.

Finalmente tinha encontrado uma profissão! Iria ser consultora e professora de Feng Shui!

Achava eu…

O MEU DILEMA:

De facto, até muito recentemente fui Consultora de Feng Shui. Adorei cada fase pela qual passei, mas confesso que já me estava a sentir um pouco presa na profissão. Com o tempo fui-me apercebendo de que eu era, queria e podia fazer muito mais do que aquilo que a profissão me permitia. Mas o rótulo de Consultora de Feng Shui não me deixava…

E foi assim que decidi acabar com ele tornando-me, simplesmente, naquilo que eu sempre fui, sou e serei: a Raquel, uma pessoa que gosta de aprender, ensinar, escrever, palestrar, inspirar, motivar, viajar, estar com pessoas, estar sozinha e tantas outras coisas mais que vou descobrindo ao longo da minha vida.

 

A MINHA DESCOBERTA:

Imagino que por esta altura já estejas a pensar: Bom, mas esta miúda é uma confusão!

Pode ser, se assim o quiseres chamar. Mas eu diria que, mais do que confusa, eu sempre me senti foi perdida!

Perdida sobre quem eu era, sobre o que gostava de fazer, o que queria fazer e no que é que eu era boa a fazer. E perdida, também, sobre o lugar onde eu me encaixava. Porque eu nunca me senti realmente confortável em lado nenhum.

Olhando para trás, penso que toda esta “confusão” na minha vida é apenas o resultado de alguém que nunca deixou de ir atrás da ÚNICA coisa em que sempre acreditou:

Um dia vou fazer aquilo que gosto!

Eu só tinha que descobrir o que isso era.  

E foi aí, num dos meus muitos momentos de auto-análise, após ter passado por muita frustração, que eu descobri que para mim não há – nem nunca vai haver – apenas um isso. Pois isso significa que eu me estou a restringir, mais uma vez, a uma única profissão. E eu não sou apenas uma profissão.

Eu sou tudo aquilo que eu quiser ser.

 

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