Mata as tuas vacas
1. Identifica as tuas vacas
Este é um processo de autoavaliação e exigirá que pegues num papel e num lápis e que apontes os pensamentos, expressões, hábitos e ações que fazem parte da tua linguagem e comportamento quotidiano.
Quero pedir-te que durante a próxima semana mantenhas-te atento quanto à presença de qualquer vaca que se insinue na tua maneira de pensar, de falar ou de agir. Lembra-te que todas elas virão disfarçadas de desculpas, justificações, pretextos, pequenas mentiras, limitações, medos, evasivas e outro tipo de expressões que fazem parte do teu vocabulário. [Nota: para te ajudar a fazer este exercício lê primeiro as “Classes de Vacas” que estão descritas mais abaixo]
Digamos que não estás muito contente com os resultados que obtiveste na tua vida profissional. Pergunta a ti próprio:
O que é exatamente aquilo de que não gostas?
O que é que originou os resultados fracos que obtiveste?
Pensas que foi por culpa de algo ou de outra pessoa?
O que podes fazer a respeito disso?
Porque é que ainda não o fizeste?
Que decisões podes tomar agora mesmo para mudar esta situação?
Eis outra sugestão. Costumas utilizar alguma das seguintes expressões com frequência?
Queria fazer, mas…
Desculpa o atraso. O que aconteceu foi…
Se ao menos tivesse…
Honestamente, o problema é que…
Para quê trabalhar tanto se no final…
Para dizer a verdade…
As palavras que vêm depois de qualquer uma destas expressões constituem seguramente uma vaca ou estão a ocultar uma.
2. Determina que crenças limitadoras se escondem atrás de cada vaca
Examina a tua lista e analisa que crenças limitadoras ou paradigmas errados estão por trás dessas desculpas. Pergunta a ti próprio por que razão se encontram na tua lista.
Quem as pôs aí?
Onde as aprendeste?
Além disso, pensa se estas razões são reais ou não, se têm sentido ou são irracionais.
3. Faz uma lista dos efeitos negativos que estas vacas produziram na tua vida
Muitas vezes carregamos certas vacas porque não temos consciência do grande mal que nos fazem. Faz uma lista de todas as consequências negativas que as tuas desculpas trouxeram à tua vida. Depois lê em voz alta várias vezes e sente a dor de saber que a escolha desta vida de mediocridade foi somente tua. Se não deres este passo é possível que não sintas a necessidade de te livrares das tuas vacas.
4. Faz uma lista de todos os resultados positivos que surgirão como consequência de matares as tuas vacas
Escreve todas as novas oportunidades que surgirão como resultado de te livrares das tuas vacas.
Que novas aptidões poderás desenvolver?
Que novas aventuras poderás viver?
Que novos sonhos te atreverás a sonhar e a seguir como resultado de deixares de contar com todas essas vacas que te mantinham preso a uma vida de mediocridade?
Escreve tudo isso porque ser-te-á necessário. Matar as tuas vacas não é tão fácil como parece; exige disciplina, dedicação e constância. Em certas ocasiões sentir-te-ás frustrado, porque voltarás a cair nos velhos hábitos e terás de começar de novo. Esta lista servir-te-á de inspiração e motivação quando te sentires desanimado.
5. Estabelece novos padrões de pensamento
Se depois de dares todos os passos delineados aqui conseguires eliminar as tuas desculpas, maus hábitos ou comportamentos autodestrutivos, terás dado um grande primeiro passo. Parabéns! Mas tem cuidado. Se não semeares novas ideias, crenças ou comportamentos positivos, podes ter a certeza de que, pouco a pouco, as tuas vacas começarão a reaparecer. À frente de cada uma das tuas vacas escreve ações específicas que pensas levar a cabo para te livrares delas e escreve também como vais responder no caso de esta vaca voltar a nascer.
Classes de Vacas
1. As vacas do “eu estou bem”
Eu estou bem… há outros em circunstâncias piores.
Odeio o meu trabalho, mas há que dar graças porque pelo menos tenho trabalho.
Não terei o melhor casamento do mundo, mas pelo menos não discutimos o dia inteiro.
Não teremos muito, mas ao menos não vamos para a cama com fome.
Passei o curso por pouco, mas pelo menos não chumbei. Talvez tenha de aceitar que não sou tão inteligente como outras pessoas.
O grande perigo destas vacas é que pensamos que estamos bem e nos sentimos dessa maneira, e por isso não vemos nenhuma razão para melhorarmos as nossas vidas.
2. As vacas de “a culpa não é minha”
O meu maior problema é a falta de apoio por parte do meu marido.
Se os meus pais não se tivessem divorciado, talvez não tivesse desenvolvido tantos complexos.
O meu problema é que a minha esposa é muito negativa.
Neste país não há apoio para os empresários.
Eu tenho boas intenções, mas com esta economia, pois… não há maneira.
O que sucede é que não tive professores que me motivassem para seguir em frente.
3. As vacas das falsas crenças
Como o meu pai era alcoólico, de certeza que também vou nesse caminho.
Eu não quero ter muito dinheiro porque o dinheiro corrompe.
Quanto mais se tem, mais escravo se é do que se tem.
Como não pude ir para a universidade, certamente não terei muito sucesso na vida.
4. As vacas que procuram desculpar o indesculpável
Gostaria de fazer mais exercício, mas infelizmente não há um único ginásio perto de minha casa.
Não quero começar nada de novo até ter certeza de que me posso dedicar a 100%.
Queria ler mais, mas não tenho tempo.
Não quis começar até saber como fazê-lo perfeitamente.
5. As vacas da impotência
A verdade é que nunca tive talento para isso.
Não há dúvida de que o sucesso não é para todos.
Infelizmente, o meu excesso de peso é um problema genético. Não há nada que eu possa fazer.
O que a pessoa não aprende em nova dificilmente aprenderá mais tarde.
O meu problema é que sou muito tímida. Creio que isto é de família, já que a minha mãe também era assim.
6. As vacas filosofais
O importante não é ganhar, mas sim competir.
Se Deus quiser que eu triunfe, Ele mostrar-me-á o caminho. É preciso esperar com paciência.
O que se pode fazer? Uns nasceram com uma boa estrela e outros nasceram sem estrela nenhuma.
O problema nesta empresa é que as “cunhas” valem mais do que o conhecimento. E eu sei muito, mas não tenho “cunhas”.
Os ricos ficam sempre mais ricos e os pobres mais pobres.
7. As vacas do auto-engano
No dia que decida deixar de fumar, faço-o sem o menor problema. Só que ainda não o quis fazer.
Não é que goste de deixar tudo para o último minuto, mas trabalho melhor sob pressão.
Eu não sou gordo, tenho estrutura corpulenta.
Eu não estou a abusar fisicamente dos meus filhos; é que hoje em dia temos de ter mão firme para os criar bem.
Eu não sou alcoólico, só bebo de vez em quando.
Exercício retirado do livro “A Vaca” do Dr. Camilo Cruz (Plus Edições)
“O que é importante não é saber se as crenças são certas ou erradas, mas sim se nos fortalecem ou limitam.”
- Dr. Camilo Cruz