Capítulo III - Bikaner

Dia 10 de Agosto de 2012 || 23h30 – Bikaner

Mais uma vez dormi muito mal. Os ares condicionados ou as ventoinhas dos hotéis fazem muito barulho. E, ou se dorme com o barulho, ou se dorme com o calor. Mas dormir com o barulho às vezes também implica levar com o ar frio na cara. Até podia dormir na viagem porque são sempre mais de 4h de viagem, mas não quero dormir no carro…

Saímos às 9h00 e chegámos a Bikaner por volta das 13h15. O condutor parou a meio num desses pontos de comércio e comida para turistas. Comi torradas!

O caminho de Mandawa até Bikaner não tem muito para ver. É sobretudo uma paisagem de vales áridos. De vez em quando lá se passa por casas à beira da estrada e pouco mais.

Chegando a Bikaner fomos ao hotel. E como eu ainda não tinha fome fomos até ao forte (que é o ponto turístico daqui). Como o forte é grande e eu não queria ir sozinha paguei a entrada ao motorista para ele ir comigo. 200 rupias para mim e 30 para ele!…

Na entrada do forte, depois de já termos os bilhetes, estava uma fila de rapazes à espera para entrar, mas o meu motorista (que se chama Dimper ou Dimple…) passou à frente (?!) e entrámos. Penso que esses rapazes estavam numa visita de estudo e, não sei como, acabei por ficar também com o guia deles.

A visita foi interessante, mas mais uma vez não percebia muito bem o que o guia me dizia em inglês… Este sabia falar, mas o problema dos indianos é o sotaque. É difícil perceber o que dizem em inglês.

No final da visita, claro, o guia ficou à espera da gorjeta. Dei-lhe 10 rupias e ele ficou a olhar para a nota, para mim e para o condutor…. Perguntei ao condutor o que se passava e se deveria dar mais. Disse que pelo menos dão-se 100 rupias. 10 rupias é para os rapazes dos hotéis que nos levam as malas para o quarto. Ah! Ok!…

Seguimos para o hotel outra vez e fui almoçar. Mais turistas! Mas passado pouco tempo mandaram sair os turistas porque precisavam da sala para um grupo de indianos que vinha aí…. Levaram-me até a um quarto, e logo de seguida um casal de espanhóis. Ficámos os três a comer no quarto ao pé da cama, numa mesa baixa com sofás. Para mim foi maravilhoso porque pus-me à conversa com eles. Falar com outros turistas é quase como uma lufada de ar fresco!

Depois de comer fui com o condutor até ao templo dos ratos. Aquele onde os ratos são sagrados e lhes dão de comer. Bom, para templo, era muito feio (visto de fora). Aqui na Índia o que não falta são templos e costumam ser mais interessantes.

O templo fica num recinto onde há comércio há volta para comprar as oferendas. E há também um sítio para irmos deixar os sapatos… “Ainda bem que estou de meias”, pensei. Mas, por acaso, e a mim, o rapaz deu-me uns daqueles chinelos dos hotéis. Graças a Deus que me deu isso! É que, neste templo, os ratos estão soltos e andam pelo templo todo, onde as pessoas também andam… descalças! É simplesmente nojento! Muito mesmo! E se por fora o templo não era nada de especial, por dentro então era horrível! Imundo, e sem nada para ver a não ser milhares de ratos a comer, e alguns já mortos por aí.

Não fiquei lá muito tempo, até porque o templo não tem nada para ver. Quando saí vi uns turistas a entrar e reparei que o rapaz estava descalço, sem meias. Estive quase para lhe dizer para não entrar assim, mas ele ia perceber isso logo à entrada.

Voltámos para o hotel e logo a seguir levantou-se muito vento, poeira, e começou a chover. Parece que foi o primeiro dia de chuva há mais de 1 ano e eles estavam contentes por isso.

Descansei um pouco e fui ver se comia qualquer coisa. Encontrei os espanhóis outra vez e sentei-me com eles. Entretanto já tinha tentado duas vezes ir à recepção para ver se conseguia falar com a minha mãe. Não consegui. Perguntei se era fácil para mim arranjar um cartão para o meu telemóvel. Parece que não. Aqui, para se comprar um cartão tem que se dar a nossa identificação, e tem que ser uma identificação de cá (da zona onde se vive). Como não estava a ter sucesso, o recepcionista (ah! parece-me que na Índia só trabalham homens nos hotéis…) levou-me até ao patrão dele, que se apresentou como sendo o dono do hotel (apesar de ser bem novo). Disse-me que me ajudava a arranjar um “SIM Card” e pediu-me o meu passaporte.

Fui jantar. Quando voltei ele ainda não tinha o cartão. Fui então à sala da internet. Ele foi comigo e… ficou lá comigo enquanto eu estive no computador. Pagavam-se 60 rupias por uma hora ou 30 por meia-hora. Ele disse-me que era grátis para mim…. Hum, pois. Então acabei por só mandar um email para a minha mãe e fui-me embora. Ele disse-me que depois ia ao meu quarto para me dar o cartão. E veio.

Bateu à porta. O problema deste hotel é que a chave que tranca a porta está junto com o cartão que acende as luzes. Ora, isto quer dizer que, ou acendemos as luzes, ou trancamos a porta às escuras… A minha sorte é que eu trouxe uma pequena lanterna. Então, enquanto o chefe estava a bater continuamente à porta, eu estava a tentar tirar a chave do cartão para não ter que lhe abrir a porta com o quarto às escuras.

Não consegui. Mas ele, entretanto, tentou abrir a porta… Lá tive eu que tirar o cartão da ranhura, ficar às escuras, abrir a porta com a lanterna, e voltar a pôr o cartão na ranhura.

Ele entrou logo para o quarto. Fiquei apreensiva. Pediu-me o telemóvel e pôs o cartão da Vodafone que ele trazia. Não deu. Mas enquanto tentava ia-me perguntando coisas. E, claro, as perguntas são sempre as mesmas: O que é que fazes em Portugal?; És casada?É a primeira vez que vens à Índia?; etc. Ainda por cima ele não era casado, nem tinha namorada. Medo! Mas pronto, o cartão não deu e ele lá acabou por se ir embora. Deu-me um passou-bem e… um abraço e um beijo! (“Vai-te embora, por favor!”)

Agora, para além do meu telemóvel ainda não dar, está a ficar sem bateria e aqui não o consigo carregar porque as tomadas são diferentes. Enfim… welcome to India.

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