Para refletires
Uma de cada vez
E se a tua vontade em tornar o mundo um sítio melhor tivesse impacto apenas numa pessoa. Teria valido a pena?
Um homem estava a caminhar ao pôr-do-sol numa praia deserta mexicana. À medida que caminhava, começou a avistar outro homem à distância. Ao aproximar-se do nativo notou que ele se inclinava, apanhando algo e atirando-o à água.
Ao aproximar-se mais, o nosso amigo notou que o homem estava a apanhar estrelas-do-mar que tinham sido arrastadas para a praia e lançava, uma de cada vez, novamente para a água.
O homem ficou intrigado. Aproximou-se do homem e disse:
- Boa tarde, amigo. Estava a tentar adivinhar o que está a fazer.
- Estou a devolver estas estrelas-do-mar ao oceano. Sabe, a maré está baixa e todas essas estrelas-do-mar foram trazidas para a praia. Se eu não as lançar de volta ao mar, morrerão por falta de oxigénio.
- Entendo - respondeu o homem -, mas deve haver milhares de estrelas-do-mar nesta praia. Provavelmente não será capaz de apanhá-las todas. É que são muitas, simplesmente. Percebe que provavelmente isso está a acontecer em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não fará diferença alguma?
O nativo sorriu, curvou-se, apanhou uma estrela-do-mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou:
- Fez diferença para aquela.
Nota: Esta história foi retirada do livro Canja de Galinha para a Alma, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen
Não é o que temos de ser, mas o que escolhemos ser.
- Gandalf, do Senhor dos Anéis
Opções
O que farias tu nesta situação?
Uma empresa estava a contratar um novo funcionário. Do exame de seleção constava a seguinte pergunta:
Está uma noite de tempestade. Você está a conduzir o seu carro com dificuldade. Ao passar por uma paragem de autocarro repara que este passa sem parar, ignorando as três pessoas encharcadas que ali aguardam o transporte. Verifica que essas pessoas são:
Uma senhora que precisa de ser hospitalizada
Um médico que lhe salvou a vida no passado
O amor da sua vida
No seu carro só cabe você e outro passageiro. Quem é que você escolhe? Pense antes de continuar. Este é um teste de personalidade e cada resposta tem a sua razão de ser.
Poderias transportar a senhora doente e ficar em paz com a tua consciência. Poderias transportar o médico porque ele salvou-te a vida e esta seria uma ótima oportunidade de demonstrares a tua gratidão. Mas talvez não voltasses a encontrar o amor da tua vida...
Um, em duzentos candidatos, deu uma resposta que foi decisiva para a sua contratação. O que foi que ele respondeu?
"Daria a chave do carro ao médico. Deixaria que ele levasse a senhora ao hospital e ficaria à espera do autocarro com a mulher dos meus sonhos."
Tu saberás que tomaste a decisão certa quando escolhes a opção mais difícil e dolorosa, mas o teu coração está em paz.
- Autor desconhecido
A Verdade
Será que a mesma história pode ter mais do que uma verdade?
Havia um homem que morava no deserto e que tinha 4 filhos. Ele queria que os seus filhos aprendessem a valiosa lição de não julgarem as coisas de forma precipitada. Assim, ele enviou cada um deles a uma terra que tinha imensas árvores. Porém, ele fê-lo em diferentes alturas do ano.
O primeiro filho foi no Inverno. O segundo na Primavera. O terceiro no Verão. E o quarto no Outono.
Quando o último voltou, o pai reuniu os quatro filhos e pediu-lhes que cada um descrevesse o que tinha visto.
O primeiro filho disse que as árvores eram feias, tortas e sem nenhuma atração.
O segundo filho discordou e disse que elas estavam cheias de botões verdes e de promessas do que estava para vir.
O terceiro filho disse que eles estavam errados, pois as árvores encontravam-se cobertas de flores que libertavam um aroma incrível, para além de serem a coisa mais graciosa que ele alguma vez tinha visto.
O último filho discordou de todos eles, dizendo que as árvores estavam tão cheias de frutos que até se curvavam com o peso.
O homem estão explicou que todos eles tinham razão e que, na verdade, eles tinham visto as mesmas árvores, mas em fases de vida diferentes.
Todos os factos têm três verdades: a tua, a minha e a verdadeira.
- Provérbio chinês
A força de pedir ajuda
“Qual foi a coisa mais corajosa que alguma vez disseste?”, perguntou o menino. “Preciso de ajuda”, disse o cavalo. (Do livro “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo”. de Charlie Mackesy)
“Pede ajuda. Não porque és fraco, mas porque queres permanecer forte.”
As coisas nem sempre são o que parecem
E seria tão mais fácil se nós soubéssemos como elas realmente são…
Um dia, dois Anjos que viajavam pela terra, decidiram parar e passar a noite na casa de uma família muito rica.
A família era rude e por isso não permitiu que os Anjos ficassem no quarto de hóspedes da mansão. Em vez disso, deram aos Anjos um espaço pequeno no sótão frio da casa. À medida que eles faziam a cama no chão duro, o Anjo mais velho viu um buraco na parede e tapou-o.
Tendo ficado surpreendido por aquela ação, o Anjo mais jovem perguntou:
- Porque tapaste o buraco?
Ao que o Anjo mais velho respondeu:
- As coisas nem sempre são o que parecem.
Na noite seguinte, os dois Anjos foram descansar na casa de um casal muito pobre, mas o senhor e a sua esposa eram muito hospitaleiros. Depois de partilharem a pouca comida que a família tinha, o casal permitiu que os Anjos dormissem na sua cama, onde eles poderiam ter uma boa noite de descanso.
Quando amanheceu, no dia seguinte, os Anjos encontraram o casal banhado em lágrimas. A única vaca que eles tinham, cujo leite era a única forma de sustento, jazia morta no campo.
O Anjo mais jovem estava furioso e perguntou ao mais velho:
- Como permitiste que isto acontecesse? O primeiro homem tinha tudo e, no entanto, ajudaste-o. A segunda família tinha pouco, mas estava disposta a partilhar tudo. E, mesmo assim, permitiste que a vaca morresse!
- As coisas nem sempre são o que parecem. - respondeu o Anjo mais velho - Quando estávamos no sótão daquela imensa mansão, notei que havia ouro naquele buraco da parede. Como o proprietário estava obcecado com a avareza e não estava disposto a partilhar a sua boa sorte, fechei o buraco de maneira a que ele nunca mais o encontrasse. Depois, ontem à noite, quando dormíamos na casa da família pobre, o Anjo da Morte veio buscar a mulher do agricultor. E eu dei-lhe a vaca em seu lugar.
As coisas nem sempre são o que parecem.
A vida tem formas misteriosas de nos dar aquilo que precisamos. Nem sempre temos de compreender tudo, só temos de aceitar.
- Raquel Dominguez
Reflexões
Li esta história quando estava a passar por um momento difícil da minha vida e senti-me reconfortada ao lê-la. Talvez porque acredito que realmente há coisas que não são o que parecem ou porque preciso de acreditar nisso. Quando sentimos que a vida é um pouco injusta connosco de alguma forma, torna-se praticamente vital agarrarmo-nos a qualquer coisa que nos ajude a acreditar que não é bem assim.
Foi o que eu senti ao ler esta história.
Sendo eu uma pessoa que acredita neste tipo de coisas, reconforta-me a ideia de saber que, em certas alturas difíceis da nossa vida, houve algo ou alguém que nos ajudou a minimizar o que de pior podia ter acontecido.
Mesmo que às vezes possa parecer que não…
A história, em si, não tem uma moral contida como as outras que costumo partilhar aqui. No entanto, quis partilhá-la contigo, pois, quem sabe, talvez tu também estejas a precisar do mesmo consolo do que eu.
O Par Ideal
Será que ele existe mesmo?
“A maioria das pessoas entra nas relações de olho naquilo que pode retirar delas e não no que vai lá pôr.”
O Lenhador e a Raposa
Se sabemos no nosso coração, porque damos ouvidos à razão dos outros?
Havia um lenhador que acordava todos os dias às 6 da manhã para cortar lenha durante o dia todo, só parando ao final da tarde quando já era quase noite.
O lenhador tinha um filho muito bonito de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como um animal de estimação e da sua total confiança.
Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa a cuidar do seu filho. Todas as noites ao regressar do trabalho a raposa ficava feliz com a sua chegada.
Os vizinhos do lenhador alertavam o homem de que a raposa era um bicho, um animal selvagem e, portando, não era de confiança. Quando ela sentisse fome iria comer a criança.
O lenhador respondia sempre aos seus vizinhos que eles estavam enganados. A raposa era sua amiga e jamais iria fazer isso. Mas os vizinhos insistiam: “Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer o seu filho!”; “Quando sentir fome, ela irá comer o seu filho!"
Um dia o lenhador, já muito exausto do trabalho e cansado de ouvir todos esses comentários, chegou a casa e viu a raposa a sorrir, como sempre, com a boca cheia de sangue. O lenhador começou a transpirar e, sem pensar duas vezes, atirou o machado, acertando-o na cabeça da raposa. Ao entrar no quarto desesperado, encontrou o seu filho no berço a dormir tranquilamente. Ao lado do berço estava uma cobra morta.
O lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.
Se escute.
Ouça a sua intuição.
Ouça as suas palavras.
Ouça o seu coração.
Mas não deixe de se escutar.
Quando o que vem de dentro fala mais alto,
O que vem de fora perde a sua voz.
- Amanda Lantiê
Reflexões
É verdade que, em certas situações, aqueles que estão de fora conseguem ver melhor aquilo que nós não estamos a conseguir ver. Acontece muitas vezes com os nossos relacionamentos, sejam eles amorosos, de amizade ou de trabalho. Por vezes estamos estão encantados com alguém, que não conseguimos ver aquilo que é óbvio para as pessoas que não estão emocionalmente envolvidas com a situação.
Contudo, há outras situações em que o inverso também acontece, tal como nos conta esta história. Estar por dentro da situação também nos dá um ponto de vista que outros nunca conseguirão ver, mas que nós conseguimos sentir.
Então como podemos saber a diferença entre as situações em que é sensato dar ouvidos àqueles que estão de fora ou à vozinha que fala connosco dentro de nós?
Há uma frase que gosto muito que diz mais ou menos isto: “A alma sabe sempre o que fazer. O desafio é silenciar a mente para conseguir ouvi-la.”
Eu acredito nisso.
Tenho chegado cada vez mais à conclusão de que, independentemente da situação em que nos encontramos, nós sabemos sempre, bem lá no fundo, o que devemos fazer. Mesmo quando o deslumbramento nos tenta dizer o contrário. No fundo, no fundo, nós até somos capazes de ver aquilo que as outras pessoas também estão a ver. Mas preferimos não o ver.
Porquê?
Porque dói. Porque nos obriga a tomar decisões que não queremos tomar. Porque uma dessas decisões pode implicar voltarmos novamente ao ponto de partida. E nós não queremos isso.
Os ingleses chamam-lhe de “gut feeling”. Nós chamamos-lhe de intuição. Mas seja qual for a expressão que utilizamos, a verdade é que nós sabemos. Podemos não conseguir vê-lo logo desde o início, mas há sempre uma altura em que sentimos bem cá dentro das nossas “entranhas” se a raposa é mesmo nossa amiga ou se está só a aproveitar-se de nós.
Desfruta do Café
Um conto árabe que nos fala sobre sucesso e felicidade.
“O Ego diz: «Assim que tudo ficar bem eu encontrarei paz.»
O Espírito diz: «Encontra a paz e tudo ficará bem.»”
A Inundação
De que tipo de milagre estamos nós à espera afinal?
Quantas vezes nos passam oportunidades ao lado simplesmente porque não as vemos como tal?
Hoje em dia fala-se muito do poder da visualização e de como este exercício é importante para manifestarmos o que queremos. Contudo, esta história fez-me pensar se isto não terá também o reverso da medalha.
Visualizar o que queremos pode manter-nos presos a um desejo que poderá não se realizar da maneira como imaginámos ou como gostaríamos que se realizasse. Tal e qual como aconteceu com o padre desta história. Afinal de contas, que tipo de milagre estava ele à espera que acontecesse? O seu desejo era o de ser salvo. O como não deveria importar.
Supostamente o exercício de visualização é feito nesse sentido, isto é, visualizando o que queremos e não a forma como o queremos, pois essa parte devemos entregar ao Universo, a Deus ou o que quer que acreditemos. Entregar significa “não controlar”, mas é precisamente aqui que está uma das nossas maiores dificuldades.
Não controlar a forma como queremos que a nossa vida se desenrole é extremamente difícil para nós. Sim, é verdade que o mais importante é obtermos o resultado pretendido, mas ele nem sempre vem da forma como queremos ou quando queremos (se ele vier de todo…). Então, nestes casos, será que vamos conseguir identificar as oportunidades que surgem na nossa vida? Ou será que as vamos deixar escapar?
Os Monges e a Mulher no Rio
O que continuas a carregar nas tuas costas?
“Não conseguirás iniciar o próximo capítulo da tua vida se continuares a reler o anterior.”
O Prato de Arroz
As crenças não se explicam. Sentem-se.
“Não penses como eu, mas respeita que eu pense diferente.”
O Jardim do Rei
Quando a comparação destrói o nosso jardim.
“Autenticidade é a habilidade de deixar de lado quem pensas que deverias ser para seres quem realmente és.”
A Corrida de Sapinhos
Será que não conseguimos mesmo ou foi o ambiente à nossa volta que nos fez acreditar nisso?
“Quando alguém te disser que não vale a pena sonhares alto, diz-lhe que até as torres mais altas começaram no chão.”
Simplicidade
Às vezes as soluções para os nossos problemas são tão simples, que nem as conseguimos ver.
“Por vezes é nas coisas mais simples que está aquilo que procuramos.”
Como são as pessoas da cidade de onde vens?
Já Freud dizia: “Quando o Pedro fala-me do Paulo, sei mais sobre o Pedro do que do Paulo”.
Um senhor, na casa dos seus 80 anos, descansava no banco da praça de uma pequena cidade, quando foi abordado por um homem que tinha estacionado o carro ali perto:
- Bom dia, senhor. Como está?
- Bom dia, meu amigo - respondeu o idoso.
- O senhor mora aqui? - perguntou o homem.
- Sim, desde que nasci - disse o senhor com um tom de satisfação.
Ao que o visitante explicou:
- Eu e a minha família estamos prestes a mudar-nos para cá e eu gostava de saber como são as pessoas desta cidade. O senhor poderia dizer-me?
O idoso perguntou então ao homem:
- Antes deixe-me perguntar-lhe uma coisa: Como são as pessoas da cidade de onde você vem?
Sem constrangimentos, o futuro morador respondeu:
- Ah, de onde eu venho as pessoas são muito boas, hospitaleiras, amigas. Toda a gente se dá muito bem. Eu gosto imenso daquelas pessoas. Só estou mesmo a sair de lá porque a empresa onde eu trabalho abriu uma filial aqui e colocou-me como diretor.
Satisfeito com a resposta, o idoso comentou:
- O senhor é uma pessoa de sorte! Esta cidade é exatamente como a sua. Tenho a certeza que a sua família vai gostar muito das pessoas daqui. Na verdade, você acabou de ganhar um novo amigo! Eu chamo-me José, muito prazer!
Aquele homem agradeceu o idoso pela sua hospitalidade, voltou para o carro e foi-se embora.
Horas mais tarde, outro homem chegou à mesma praça onde se encontrava o idoso e fez-lhe a mesma pergunta.
- Senhor, boa tarde. Estou a pensar mudar-me para cá e gostaria de saber como são as pessoas desta cidade.
O idoso, então, perguntou:
- E como eram as pessoas da sua cidade, meu amigo?
Não percebendo muito bem a pergunta, o homem respondeu:
- Ah, eram pessoas sem educação nenhuma. Um bando de gente orgulhosa, preconceituosa, arrogante e mesquinha. Só para você ter uma ideia, eu morei lá mais de 15 anos e não fiz um único amigo sequer!
Com uma voz calma, o senhor de cabelos brancos disse ao homem:
-Então lamento muito, meu filho. Infelizmente você vai encontrar exatamente o mesmo tipo de pessoas nesta cidade. As pessoas aqui não são amigas de ninguém, são orgulhosas e vivem de cara fechada. Aconselho-o a procurar outra cidade para viver, pois as pessoas daqui vão decepcionar-lhe muito!
Um vendedor da praça, que assistiu à conversa toda do idoso com os dois homens, não se conteve e perguntou:
- Senhor José, o senhor desculpe-me, mas eu não pude deixar de ouvir as conversas que você teve com aqueles dois homens. Como é que o senhor pôde responder à mesma pergunta com duas respostas tão diferentes?
O senhor José riu da curiosidade do comerciante e respondeu:
- Ah, meu bom amigo... Nós sempre vemos e julgamos o mundo a partir da nossa visão, a partir de quem nós somos. Uma pessoa preconceituosa, por exemplo, vai ver todas as pessoas preconceituosas da cidade; uma pessoa conflituosa só verá as pessoas complicadas do sítio.
- Como assim, senhor José? Não percebo o que você quer dizer.
O idoso então explicou:
- Aquele homem que aqui veio de manhã vai ver as pessoas boas e amigas da nossa cidade; já o segundo, que acabou de se ir embora, só irá ver os orgulhosos, preconceituosos e arrogantes. Entenda uma coisa rapaz, o mundo depende da visão que nós temos. O exterior irá sempre refletir o que nós temos guardado no nosso interior.
Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.
- Anaïs Nin
Reflexões
É tão verdade o ensinamento que está contido nesta história. É difícil reconhecer isso, mas conheço uma história real que valida na perfeição a verdade que está a ser dita aqui.
Tenho uma amiga que sempre se deu mal nos trabalhos por onde passava. Ela vê o mundo de uma forma muito negativa, sobretudo as pessoas que nele habitam (consequência do ambiente onde cresceu).
Um dia, farta de estar em Portugal e não aguentando mais os portugueses, foi trabalhar para Inglaterra na esperança de que fosse correr melhor.
Não correu.
Encontrou o mesmo tipo de pessoas que costumava encontrar aqui: falsas, problemáticas, injustas… É verdade que não a considero uma pessoa assim, mas é assim que ela acredita que a maior parte das pessoas é. Logo, é isso o que ela encontra. É isso o que ela vê.
Mais tarde, farta de estar em Inglaterra e não aguentando mais os ingleses, foi trabalhar para Itália na esperança de que corresse melhor.
Não correu.
Encontrou o mesmo tipo de pessoas. Acabou por voltar para Portugal.
Sim, temos muita tendência para ver o mundo como nós somos. Daí o famoso ditado “Quem não confia não é de confiança”. Mas acredito que nem sempre é assim. Tal como acontece com a minha amiga, por vezes nós só estamos a ver o mundo como ele nos foi apresentado logo desde cedo - inospitaleiro ou que não se pode confiar. Outras vezes, foi mesmo a própria vida que nos tentou ensinar, da maneira mais difícil, que não podemos ou não devemos confiar em toda a gente. São as chamadas lições de vida.
Mas seja porque razão for, o que esta história me ensinou foi a olhar para dentro de mim e com todo o carinho responder:
Como são de facto as pessoas da cidade de onde eu venho?
O Vendedor de Sapatos
Como verias tu?
“Tudo depende de como olhamos para as coisas e não de como elas são em si mesmas.”
A Mula
Há um sábio ditado que nos diz que apesar dos cães ladrarem, a caravana continua o seu caminho. A quantas pessoas mais temos de dar ouvidos até aprendermos esta lição?
Um antigo conto diz-nos que vinham pela estrada um miúdo, o seu pai, o seu avô e uma mula. Compadecidos com o animal, que sofreria ao carregar todos sob um sol tão forte, os dois homens e o menino caminhavam à sua frente com os arreios em punho.
Ao passarem por uma vila escutaram os desocupados a rir:
- Que estúpidos! Com uma mula forte como essa caminham neste sol!
Decidiram que se Deus faz sempre o certo e se o quadrúpede nascera mula, então deveria carregar o que lhe pusessem no lombo. Subiram todos para cima do pobre bicho e seguiram viagem.
Algum tempo depois passaram por outra vila e novamente atentaram-se aos palpites dos espectadores:
- É muito abuso! Um sol forte como este e vão todos em cima do burro!
Com a culpa a pesar ainda mais sobre o animal, decidiram que dois deles deveriam descer, ficando apenas um sobre as costas do carregador. O pai achou por certo que fosse o mais velho para que este pudesse descansar e assim foi feito.
Até que passaram por outra vila:
- Que horror! Um menino dessa idade a caminhar sob este sol, enquanto que um velho ainda forte como esse passeia em cima da mula!
Olharam-se e decidiram por o garoto sobre a mula, indo o pai e o avô a caminhar.
Aproximaram-se de outra vila e novos comentários foram feitos:
- Onde é que já se viu? Em vez de ensinarem o garoto desde cedo as coisas certas da vida deixam-no nessa moleza!
O miúdo voltou então para a caminhada juntamente com o seu avô, tendo o pai subido para a mula.
Até que chegaram a outra vila:
- Mas era o que faltava! Colocar um velho e um menino a conduzir a sua montaria! Tenha vergonha na cara!
Não conheço a chave do êxito, mas sei que a chave do fracasso é tentar agradar a toda a gente.
- Woody Allen
O que aprendi com esta história?
Há uma frase da modelo e bailarina Dita Von Teese que diz o seguinte: “Tu podes ser o pêssego mais maduro e suculento do mundo e mesmo assim haverá sempre alguém que odeia pêssegos”. Apesar da frase não ter muito a ver com esta história, lembrei-me dela porque consigo relacioná-la com a moral que se está a tentar passar aqui:
Não interessa quem sejas, não interessa o que faças, irás sempre ser criticada por alguém.
Já sabemos, tentar agradar a toda a gente é meio caminho andado para perdermos a nossa identidade e não chegarmos a lado nenhum. Anulamo-nos, adaptamo-nos, mudamos, e no final, se for preciso, continuamos a ser criticados. Não há volta a dar. Agradar a toda a gente é, simplesmente, impossível.
E, francamente, também não é suposto.
É verdade que não é fácil ouvir opiniões alheias cujo principal objetivo é destruir e não construir. Ninguém é de ferro. No entanto, é certo e sabido que isso irá sempre acontecer. O truque? Não levarmos para o campo pessoal. Há pessoas que irão sempre criticar tudo e todos.
É simplesmente assim.
Tenho uma amiga que costuma dizer que “pessoas felizes não chateiam ninguém”. É verdade. Críticas destrutivas costumam vir quase sempre de pessoas que não estão bem resolvidas com alguma questão da sua vida. Mesmo que não tenham consciência disso.
O mal-estar precisa de ser expelido do nosso corpo. Seja de que maneira for. E a critica será sempre uma das formas mais fáceis e rápidas que algumas pessoas irão encontrar para o fazer.
Foi isso o que esta história me ensinou.
O Mestre e o Escorpião
Quando a nossa essência fala mais alto.
“Não deixes que as tuas ações sejam definidas pela natureza dos outros.”